BRASIL - Senadores do PT que visitaram na manhã desta
quinta-feira (18) a presidente afastada, Dilma Rousseff, acertaram com a
petista fazer uma espécie de "treinamento" com ela antes do início do
julgamento do impeachment. Dilma já anunciou que vai participar no dia 29 da
sessão em que fará sua defesa pessoal do processo.
A intenção dos aliados de Dilma é preparar na próxima semana um
roteiro de perguntas para que a presidente afastada responda, simulando
situações do julgamento. Reuniram-se com ela no Palácio do Alvorada o líder do
PT no Senado, Humberto Costa (PE), e os senadores petistas Paulo Rocha (PA) e
José Pimentel (CE).
O trio também conversou com a presidente afastada sobre o
formato da sessão de julgamento, que será presidida pelo presidente do Supremo
Tribunal Federal (STF), Ricardo Lewandowski.
Humberto Costa disse, em entrevista no Senado, que a presidente
está preparada para vir ao Senado a fim de responder a todas as perguntas sobre
o processo a que responde por crime de responsabilidade. Para o líder petista,
a presença da imprensa nacional e internacional poderá chamar a atenção para o
julgamento e, dependendo de como ela transmitir a mensagem dela, influenciar
até em alguns votos dos senadores.
Costa disse que a participação de Dilma "vai ser um ponto
definitivo da narrativa desse processo". "Ela vai ter amplas
condições de dizer, em viva voz, que não cometeu nenhuma irregularidade nesse
processo, que é injusto", avaliou.
Segundo o líder do PT, a presidente disse que não está
preocupada com a possibilidade de que senadores da base aliada do presidente em
exercício, Michel Temer, venham a agredi-la verbalmente. "Isso não é um
problema meu", disse Dilma hoje pela manhã, segundo Humberto Costa.
Para o líder do PSDB no Senado, Cássio Cunha Lima (PB), a presença
de Dilma na sessão de julgamento convalida todo o processo. "Ela jogará
por terra todo o discurso de que o processo é um golpe. Não existe golpe com a
presença do golpeado", disse.
O tucano afirmou que a presença da presidente afastada vai
ampliar o placar em desfavor de Dilma. Cássio disse que é a Dilma que tem que
se constranger com a situação, diante do que ele considera como "graves
crimes" que ela cometeu. O líder do PSDB disse esperar que não haja
agressões e que trabalhará para garantir um julgamento "civilizado e
respeitoso".