BRASIL
- A Polícia Federal revelou o caminho do pagamento de caixa dois para a
campanha de Gleisi Hoffmann (PT) ao governo do Paraná em 2014.
O
principal responsável por entregas em espécies do departamento de propina da
Odebrecht, Álvaro Novis, foi quem organizou os repasses para a senadora e
presidente do PT.
Naquele
ano, foram pelo menos dois pagamentos de R$ 500 mil, segundo a PF.
No
sistema interno da empreiteira, Novis aparecia como "Paulistinha"
para entregas em São Paulo e "Carioquinha" para aquelas feitas no Rio
de Janeiro.
Ele é
primo do ex-presidente do grupo Pedro Novis, um dos 77 delatores da Odebrecht.
"Paulistinha"
foi ouvido pelos investigadores e explicou como funcionava o esquema de
distribuição do dinheiro vivo.
É a
primeira vez que um depoimento dele aparece em um inquérito no STF (Supremo
Tribunal Federal).
As
informações constam em relatório da PF que concluiu que houve crime praticado
pela senadora, ao qual a reportagem teve acesso -o documento está em sigilo.
TRANSPORTADORA
O
operador se identificou aos delegados como o principal entregador. Disse que
usava uma transportadora de São Paulo para fazer as entregas no Estado e que
começou a trabalhar para a empreiteira em 2007.
A
revelação é inédita em esquemas fora do Rio, já que ele é um dos delatores do
caso que envolve o ex-governador Sérgio Cabral, preso em novembro de 2016.À
PF,
disse que era abastecido pelos doleiros Rodrigo Tacla Duran, Vinicius Claret,
conhecido como Juca Bala, Adir e Samir Assad.
"Paulistinha"
apresentou no meio da investigação uma planilha mostrando o codinome de Gleisi
vinculado a pagamentos.
Outros
três funcionários de Novis também prestaram depoimentos. Um deles, Geraldo
Pereira Oliveira, é apontado no relatório da PF como o autor das entregas no
caso da senadora.
Aos
investigadores, ele disse se lembrar de ter ido ao escritório de uma empresa
ligada à petista, a agência de propaganda Sotaque.
A PF
conseguiu os registros de entrada e saída do edifício, comprovando que ele
esteve no local ao menos três vezes, em datas próximas às que constam em
planilhas.
O
inquérito começou após a 23ª fase da Lava Jato, batizada de Acarajé, em que
foram apreendidas com a ex-secretária do departamento de propina Maria Lucia
Tavares uma série de registros internos de repasses ilícitos.
Álvaro
Novis está em prisão domiciliar, no Rio.